Zana Makatipa, Kurupira é uma canção do povo Kambeba e se refere a (o) Curupira, uma entidade da floresta que protege os povos que ali vivem. Nessa música, a tuxaua, que na língua mãe é zana, pergunta sobre onde está a Curupira e a convida para dançar e tomar o payuaru, uma bebida fermentada feita de mandioca. Depois de beber e dançar, ela se despede. Segundo Dona Teca, a tuxaua atual da aldeia, a mãe dela, Dona Assunciona, viu uma curupira, de verdade. Ela a descreve com sendo uma mulher baixinha (e não homem como muitos acreditam) “que tinha o cabelo comprido e vermelho e os pés virados para trás”. Cantar essa música e conhecer a História da Kurupira Kambeba pode se transformar em um projeto interdisciplinar envolvendo as narrativas míticas e seres fantásticos da floresta, pesquisa, ilustrações, paisagens sonoras entre outros conteúdos. A seguir, sugerimos começar pelo canto;
É importante cantar a melodia de Zana Makatipa, Kurupira buscando se aproximar, o máximo possível, da pronúncia das crianças Kambeba. Isso, por si só, já é um ótimo exercício musical. É uma forma também de, intuitivamente, apropriar-se de outras sonoridades.
Como a palavra Curupira repete em todas as frases, você pode brincar de cantar essa palavra de diferentes formas, utilizando timbres diversos – muito anasalado, mais metálico, aspirado, etc, ou mesclar com a altura do motivo melódico, cantando uma vez bem agudo e outra bem grave.
Outra possibilidade de explorar a palavra Curupira, é determinar solos em duplas no início da frase e todos cantando a palavra Curupira, ou ao contrário. É possível também, abrir vozes na palavra curupira, conseguindo uma textura diferente.
Bolando um arranjo
Após a audição comparativa entre a Zana Makatipa, Kurupira e Minha Machadinha (ver atividade Escutando Zana Makatipa, Kurupira), e a percepção das semelhanças do contorno melódico, você pode propor um pequeno arranjo vocal unindo essas duas canções.
Experimente com seus alunos começar com a Zana Makatipa, Kurupira e depois colocar a Machadinha ou vice-versa. Você pode alternar as duas frases de Zana Makatipa, Kurupira e Minha Machadinha. Você pode colocar apenas uma frase como citação, enfim, experimentar diversas possibilidades e criar um arranjo coletivamente. Gravar, ouvir, comentar e regravar sempre são estratégias produtivas para alcançar um resultado sonoro que agrade a todos.
Foto: Eduardo Vessoni
Crianças Kambeba
Saiba mais
Os Kambeba também são chamados de Omágua, que significa o povo das águas. Eles vivem em cinco aldeias na região do médio e alto Solimões e no baixo Rio Negro.
Informações sobre os Kambeba encontram-se no livro Cantos da Floresta e no site do ISA