Destacamos a importância dos instrumentos de sopros nas várias sociedades indígenas no capítulo ‘Músicas Indígenas’. Há vários nomes para cada um deles, várias funções e formas de tocar, além de timbres diversos. Os nomes dos instrumentos de sopro variam muito de povo para povo. Muitas vezes, o instrumento tem o nome do material de que é feito, outras seu nome é o mesmo do que uma dança na qual ele é tocado; outras vezes, o instrumento tem o mesmo nome do mito a que ele corresponde ou de um espírito mitológico. No mundo indígena, os nomes dos instrumentos sempre têm história para contar!
Que tal se enveredar por esse universo, junto com seus alunos? São muitas as possibilidades que podem ser elaboradas conforme sua necessidade didática ou criatividade. Com certeza, você conseguirá provocar a curiosidade de seus alunos, selecionando algumas histórias e mitos que os sopros indígenas têm para contar.
Sugerimos algumas possibilidades a serem desenvolvidas a partir do mito Uakti dos povos do Rio Negro que você poder ler na página 155 do livro Cantos da Floresta.
- Que tal contar a história do Uakti para seus alunos? Pesquise o mito completo – que se relaciona ao Jurupari – e faça a sua própria adaptação de acordo com a faixa etária de seu grupo. Lembre-se de usar o máximo de recursos no momento da contação da história. Preparar o ambiente é sempre bom para envolver seus alunos!
Paisagem Sonora
Após contar a história, pode ser interessante explorar, junto aos seus alunos, alguns sons presentes na história, como:
- a paisagem sonora do ambiente que se passou a história
- os sons que o vento fazia no corpo de Uakti;
- as vozes e as falas das mulheres quando estavam encantadas por ele;
- que tipo de armadilha os homens prepararam para Uakti e quais sons produziram ao prepará-la;
- como Uakti caiu na armadilha e quais sons ele produziu quando foi capturado;
- explorar o som dos instrumentos produzidos pelas palmeiras.
- Explorar vocalmente as sonoridades que possam imitar os sons de Uakti.
- utilizar outros instrumentos ou inventar outros para construir essa paisagem sonora.
Dramatizando a história com a paisagem sonora
- A narrativa mítica de Uakti pode ser sonorizada com esses elementos sonoros explorados anteriormente e fazer parte da sonoplastia da narrativa. Cena a cena, você pode estimular seus alunos a dramatizá-la, com os sons vocais e instrumentais pesquisados anteriormente, criando uma atividade prazerosa que envolve música, teatro e dança.
Desenhando a história de Uakti
- Você pode também propor às crianças que desenhem os personagens dessa história, imaginando como seria Uakti e como as mulheres ficavam escutando sua música, como eram as armadilhas feitas pelos homens, etc. Caso o grupo esteja muito envolvido, essas imagens podem se transformar em um cenário para uma dramatização.
VOCÊ SABIA?
Uakti também é o nome de um grupo instrumental de Minas Gerais que construía instrumentos com canos de PVC, vidro, e outros materiais. Sobre eles https://www.youtube.com/watch?v=N9RPgSVHMc4.
PARA LER
Uakti, Três Palmeiras in: A Mitologia Heróica de Tribos Indígenas Brasil de Egon Schaden em, 1989.
Às margens do Rio Negro, vivia Uakti. Ele era um espírito com corpo de homem que encantava as mulheres. Seu corpo, cheio de furos, produzia sons misteriosos quando o vento passava. Enciumados, os homens da aldeia criaram uma armadilha e mataram Uakti. Onde foi enterrado seu corpo, nasceram três palmeiras e, desde então, os instrumentos feitos com essas palmeiras produzem sons mágicos e encantadores.