Para compreender o contexto das músicas Dahipópo e Daro Wihã dos Xavante, seria interessante assistir ao vídeo Wapté Mnhõno, produzido pelo projeto Vídeo nas Aldeias, que traz o ponto de vista dos próprios Xavante em relação à esse momento na sua cultura. Essas músicas fazem parte desse importante ritual na vida dos meninos xavante, que passam por esse momento bastante especial que é a furação de orelha. Depois de diversas atividades como correr com toras, bater água no rio, aprender a lutar, os meninos recebem os “brincos” de madeira, estimulando sonhos com seus próprios cantos.
Comparando rituais
Que tal comparar o ritual Wapté Mnhõnõ com os rituais urbanos, como festa de quinze anos das meninas, ou a primeira comunhão, ou a cerimônia de casamento, ou funeral, entre outros? De onde vem essa necessidade de marcar os momentos da vida das pessoas? Existe alguma relação dos brincos Xavante com os brincos e alargadores de orelha usados pelos jovens da cidade atualmente? Não seriam também rituais de passagem, os bailes de debutantes, a festa de despedida de solteiro, os trotes de calouros, o Bar Mitzvá dos meninos de origem judaica?
Essas e outras perguntas podem disparar um debate muito interessante na sua sala de aula. Projetos interdisciplinares também podem ser planejados, tendo como estímulo inicial o ritual de passagem xavante. Mais informações sobre esse ritual pode ser encontrado na página 75 do livro Cantos da Floresta.
Os significados de ser adolescente
Você já pensou no que significa “ser adolescente”? Segundo a etimologia, a palavra ‘adolescência’ se origina do latim “ad” (‘para’) + “olescere” (‘crescer’); portanto, ‘adolescência’ significaria strictu sensu, ‘crescer para’. Esse é um bom mote para ser desenvolvido em sala de aula, com o intuito de ampliar a compreensão de um rito de passagem, que todos os jovens passam, um dia, independente de sua origem, se indígena ou não. Essa abordagem pode se tornar um bom eixo de discussão para introdução da temática dos rituais de passagem como o da furação de orelha dos Xavante, entre muitos outros que podem ser pesquisados pelo professor e pelos alunos.
Rituais e simbolismo dos objetos
Todos os rituais fazem parte de tradições importantes. Seria interessante incentivar a pesquisa sobre a simbologia dos objetos desses rituais, como brincos, colares, estojos penianos, cocares, pinturas corporais, movimentos das danças, comidas e instrumentos musicais. Conheça mais sobre o significado do brinco Xavante no livro Cantos da Floresta.
Saiba mais
O povo Xavante é também conhecido como A´uwe, que significa ‘gente’. Os Xavante vivem entre Mato Grosso e Goiás, na região Centro-Oeste do Brasil. Esse povo possui cerca de 15 mil pessoas, divididos em 65 aldeias em diversas Terras Indígenas. A língua falada por eles é a Akwen e faz parte da família linguística Jê, do tronco Macro-Jê. Os Xavante dividem-se em dois clãs, ou metades: Owawã, que significa “rio grande” e Poreza’õno, “girino”. Mais sobre os Xavante no verbete Xavante no site do ISA
PARA Ver
Para conhecer mais sobre esse importante ritual Xavante, indicamos assistir com seus alunos o documentário Wapté Mnhõnõ, iniciação do jovem xavante. Esse vídeo, realizado pelos próprios Xavante, registrou as diferentes fases do ritual, além de depoimentos de diversos membros da aldeia, comentando os significados desse cerimonial. Direção: Divino Tserewahú Xavante, 1999. Mais informações aqui
Para assistir a um trecho desse documentário, clique aqui
PARA LER
A fotógrafa Rosa Gauditano escreveu um livro A ‘uwê Uptabi Za’ri – Raízes do povo Xavante: tradições e rituais que apresenta, de forma resumida, o ritual de iniciação dos jovens Xavante. Há fotos e explicações sobre diversos rituais dos Xavante, como a Uiwede (corrida de toras), a Oi’ó (luta dos meninos), Wate’wa (furação da orelha), a Wamnhorõ (apresentação das máscaras). Veja também as fotos de Rosa Gauditano nesse site
